Você comprou um cacto, colocou na janela, regou com carinho — mas ele começou a ficar murcho, mole e sem aquele aspecto firme e saudável. Parece contraditório, já que cactos são plantas resistentes, certo? A verdade é que a maioria dos problemas com cactos tem a mesma origem: erro na rega. Sim, esse gesto simples, feito com boas intenções, é o maior vilão silencioso da saúde dos cactos domésticos.

Ao contrário do que muitos pensam, regar um cacto exige mais atenção do que frequência. É uma planta de extremos: aguenta calor, seca e sol forte — mas não perdoa o excesso de água. A seguir, veja os três erros mais comuns na hora da rega que fazem seu cacto ficar murcho, mole e à beira do colapso.

1. Regar em excesso ou em intervalos curtos

Este é, sem dúvida, o campeão dos erros. Diferente de outras plantas, o cacto não precisa de água toda semana. Em muitos casos, regá-lo a cada 15 ou até 20 dias é suficiente — e, em estações frias, esse intervalo pode ser ainda maior.

Quando você rega demais, o solo encharcado impede que as raízes respirem. O cacto começa a absorver mais água do que precisa, suas células se expandem, perdem firmeza e ele fica mole, como se estivesse “derretendo”. Além disso, o ambiente úmido favorece a proliferação de fungos e bactérias que apodrecem a raiz por dentro — sem você perceber.

Como corrigir? Deixe o substrato secar completamente antes de regar novamente. E ao regar, molhe bem, mas só quando a terra estiver realmente seca. Toque com o dedo ou use um palito: se sair limpo, é hora de molhar.

2. Usar o vaso ou substrato errado

De nada adianta regar pouco se o cacto está em um vaso que não drena bem ou em um substrato pesado. Cactos precisam de solo bem aerado e drenável, que permita que a água escorra rapidamente. Solo de jardim ou terra vegetal retém umidade demais e sufoca as raízes.

E quanto ao vaso? Plástico retém mais umidade, enquanto vasos de barro ajudam a evaporar a água mais rápido. O furo no fundo é indispensável — sem ele, a água fica acumulada e começa o processo de apodrecimento invisível.

Dica prática: monte seu próprio substrato com 50% de terra comum, 30% de areia grossa e 20% de perlita, carvão vegetal ou pedriscos. Isso garante leveza, boa drenagem e menos riscos.

3. Regar por cima do cacto ou nas horas erradas

Outro erro comum é molhar diretamente a planta ou regar sob sol forte. Ao jogar água nas hastes ou espinhos do cacto, você cria pontos de acúmulo que podem apodrecer com o tempo, especialmente em espécies com sulcos ou depressões nas folhas.

Além disso, regar durante o calor do meio-dia pode gerar choque térmico, já que a água fria em contato com o solo quente pode afetar as raízes. O melhor horário é cedo pela manhã ou no fim da tarde, quando a temperatura está mais amena e a planta pode absorver a umidade com calma.

Evite também borrifar cactos. Eles não gostam de umidade no ar e não se beneficiam disso como outras plantas tropicais.

Como salvar um cacto que já está mole?

Se o estrago começou, ainda dá tempo de agir. Primeiro, suspenda totalmente as regas por pelo menos duas semanas. Observe se o cacto volta a endurecer aos poucos. Se continuar mole ou escurecido na base, pode ser sinal de podridão.

Nesse caso, o ideal é cortar a parte saudável com uma faca limpa, deixar a ponta cicatrizar por 3 a 5 dias e replantar em substrato seco. É como dar uma segunda chance à planta, aproveitando os tecidos ainda viáveis.

Cactos fortes exigem paciência e observação

Cultivar cactos é um exercício de espera. A beleza dessas plantas está justamente no fato de que menos é mais. Regar com moderação, escolher bem o vaso, entender os sinais do solo e resistir ao impulso de “cuidar demais” são os verdadeiros segredos para um cacto bonito e saudável.

E da próxima vez que ele estiver murcho ou mole, você já vai saber: o problema provavelmente está na água — ou melhor, no excesso dela. Cactos exigem pouca água, mas muita atenção. Um pequeno descuido na rega pode comprometer toda a saúde da planta.